José Felipe Ruppenthal
O mercado de banda larga fixa no Brasil vive um momento de inflexão. A desaceleração após o BooM da fibra entre 2017 e 2023 exige uma reavaliação das estratégias e um olhar atento para as oportunidades e desafios do futuro.
Em 2017, iniciou-se o BooM no mercado de fibra, um fenômeno que foi mais evidente durante a pandemia, fizemos em três anos o que levaríamos entre 6 e 7 anos para alcançar.
Durante esse período (2017 a 2024), todo o ecossistema envolvido obteve números espetaculares: fabricantes, integradores e operadoras.
Nunca antes na história se vendeu tantos metros de fibra, nunca antes tantas novas cidades foram lançadas ou casas cobertas (HP).
Entre os anos de 2017 e 2024, a base de acessos de banda larga fixa no país cresceu 68,6%, saindo de 28,90 mi para 48,75 mi, adicionando 19,84 mide novos acessos neste período (Net Add).
O que também chama a atenção é que, durante esse mesmo período, adicionamos 33,20 mi de acessos de fibra, saindo de 3,30 mi em 2017 para 36 mi em 2024.
Se adicionamos 33,20 mi de acessos de fibra nesse período, por que a base total cresceu apenas 19,84 mi?
Precisamos separar esse capítulo em duas partes:
◼ Fibra como a primeira tecnologia em um novo acesso
◼ Fibra como a tecnologia de migração de rede legada (Troca de Provedor/Retenção)
Entre 2017 e 2024, a fibra serviu como uma ferramenta de migração de tecnologia. De forma simples, 40,20% dos acessos de fibra adicionados nesse período foram para substituir tecnologias antigas, aquele dinheiro mais caro, para alguém.
Observe as tecnologias que mais perderam acessos entre 2017 e 2024:
1. Cabo Metálico -12.294.445 (Base reduziu 89,29%)
2. Rádio -658.701 (Base reduziu 28,67%)
3. Cabo Coaxial -336.198 (Base reduziu 3,72%)
Em 2017, existiam 25,60 mi de acessos não fibra; já em 2024, existem 12,41 mi de acessos não fibra.
Quais são as mensagens importantes para os próximos anos?
Crescimento Moderado:
◼ O oceano azul de crescimento não existe mais. Nos próximos anos, devemos continuar com crescimentos na casa de 2.8 milhões de acessos por ano, um número extremamente bom, mas inferior ao período de pandemia.
Migração de Legado em Declínio:
◼ A migração de tecnologias legadas para a fibra tende a desacelerar com foco nas áreas remanescentes de cobre e coaxial, mas principalmente em regiões com menor competitividade entre ISPs.
◼ O cenário para o coaxial é mais complexo. Quase 99% da base nacional (8,55 mi) está concentrada em apenas uma operadora, que vem conseguindo extrair bons resultados otimizando a tecnologia.
A desaceleração exige uma adaptação das operadoras e do ecossistema, que devem buscar novas estratégias para se destacar em um ambiente mais competitivo.
O foco na inovação, na diversificação de serviços e na experiência do cliente será fundamental para o sucesso a longo prazo.
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